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ENTREVISTA COM ROBERTO SOBRINHO

Roberto sobrinho diz que não é zumbi político, vai provar sua inocência e continuar na política

"Tenho a consciência tranquila quanto a cada um dos meus atos e nunca premeditei ou dei comando 
para que nenhum dos meus auxiliares cometesse crimes”. (Concedida a CARLOS ARAÚJO).
Fonte: Site www.tudorondonia.com.br
Aproveitando o ensejo do Dia de Finados, vai aqui uma percepção captada do ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, na Entrevista da Semana de www.tudorondonia.com.br. Ele não é um zumbi político e, para quem duvida, está muito vivo, articulando-se nos bastidores do PT, onde ainda comanda uma boa parte dos que têm direito a voto, e pretende emplacar uma candidatura nas eleições do próximo ano. Sem nenhuma ação correndo contra ele no Judiciário que lhe ofereça o risco de ser julgado em segunda instância até o período eleitoral do ano que vem, ele fala ao jornalista Carlos Araújo que tudo que pesa contra ele até agora são acusações frágeis, das quais terá plenas condições de responder e justificar os atos que alguns promotores venderam para a mídia como sendo cometimento de crimes contra a administração pública.
“Fiz muito por essa cidade, trabalhei com o coração e é até possível que possa ter cometido alguma irregularidade – crime premedito, jamais, assegura ele -, mas tudo em prol de resolver problemas que de alguma forma afligia a vida da população”, argumenta. É porque, então grande parte de seu secretariado e o senhor próprio teve a prisão decretada no final do mandato?
“Não sei exatamente porque, mas tenho a consciência tranqüila quanto a cada um dos meus atos e nunca premeditei ou dei comando para que nenhum dos meus auxiliares cometessem crimes”, defende-se
Nesta Entrevista da Semana, o tudorondônia.com.br dá voz ao ex-prefeito,onde ele aproveita para fazer um balanço de sua administração, em quase oito anos de governo. Onze meses após deixar a Prefeitura, ele faz uma avaliação positiva de seu legado para a cidade de Porto Velho, lamenta o primeiro ano da gestão de seu sucessor, o prefeito Mauro Nazif, e diz que, se tiver uma oportunidade, fará tudo novamente.
Vamos à entrevista:
Tudorondonia.com.br – O senhor ficou oito anos na prefeitura e saiu de uma forma desfavorável, com várias acusações contra, mas hoje, onze meses depois do final de sua gestão, qual a avaliação que você faz da cidade? Está melhor ou está pior?
Roberto Sobrinho – Primeiro, eu quero dizer que nos oitos anos que passei na prefeitura, foram anos muito importantes para o município, pelo alinhamento que tínhamos com o governo federal. Porto Velho, se depender apenas dos seus recursos, muito pouco terá como fazer na área de investimentos. Então, essa nossa parceria com o governo federal fez com que viessem muitos recursos como nunca havia sido aportados nesse município.
Por exemplo: Porto Velho tem 1.100 km de ruas. Quando eu assumi 400 km estavam afastados e eu entreguei mais 400 km. Isto quer dizer que o que foi feito em quase cem anos da história de Porto Velho, eu dobrei em apenas oito anos.
Na área da educação, tinha 30 mil alunos, entreguei com quase 50 mil alunos, com novas escolas e todo um processo melhorado na educação. Na saúde, tinha treze ou catorze equipes do programa de saúde da família, eu entreguei com mais de oitenta equipes e com muitas unidades construídas. Eu acredito que contribuí muito pra melhorar a qualidade de vida da população. Porém, havia um passivo histórico de investimentos públicos que, por mais que eu tenha feito, não foi suficiente para resolver todos os problemas. Mas demos um passo muito significativo para melhorar a qualidade de vida de população.
O que posso assegurar é que, quando eu saí deixei 300 milhões de reais em caixa para investimentos. Acredito que se o prefeito Mauro Nazif conseguir executar esses 300 milhões de reais ele vai dar sequência em projetos de melhoria, principalmente em saúde e educação.
Tudorondonia.com.br – O senhor diz que houve grandes investimentos na saúde, no entanto, a reclamação quanto ao atendimento e a estrutura dos postos de saúde, sempre foi uma grita durante sua gestão. O que houve?
Roberto Sobrinho– Eu lembro quando assumi em 2005 que uma das grandes gritas da população era a falta de médico, de Raio-X e remédios e não tinha exames laboratoriais. Implantei oito Raios-X em diversas unidades. Na questão dos exames laboratoriais, implantamos uma dinâmica que aumentou a oferta e a pessoa entregava o material para exame e, através de uma central da prefeitura, ele recebia um telefonema avisando que seu exame estava pronto. Avançamos na saúde básica, com oito unidades de saúde e, na saúde de emergência, com a construção das UPAS da Zona Leste e da Zona Sul. E não havia falta de remédios. Contratamos mais de 1.500 servidores, sobretudo para a saúde básica.
Eu não tive maiores problemas com a saúde. Ocorre que a estrutura da rede estadual de saúde, é a mesma da época do governador Jorge Teixeira. Então, houve um crescimento da população de 700 mil para 1,5 milhão de habitantes, com a mesma estrutura daquela época. Há um gargalo que coloca na conta da prefeitura que não é de sua obrigação.
A saúde básica, que é obrigação do município, nós ampliamos muito a cobertura que chegou a sessenta por cento com as novas equipes.
Tudorondonia.com.br – O senhor alega ter feito 400 km de asfalto, mas a população continua padecendo com problemas de alagação, mesmo em ruas asfaltadas. A engenharia não se preocupou em fazer drenagens?
Roberto Sobrinho – Porto Velho tem uma drenagem antiga. E esses pontos de alagação, ocorrem em asfaltos anteriores à nossa administração. E essa drenagem, com uma malha viária não asfaltada, contribui para que, nas chuvas, todo tipo de resíduos escoem para essas drenagens e vão entupindo essas os bueiros. Existem pontos que, comumente ocorrem alagações. Mas, muito mais havia nos igarapés. E muito mais graves. Nós fizemos um trabalho de limpeza e aprofundamento de canais e ampliação de galerias que diminuiu esse sofrimento. Mas esse é um problema que, independente do prefeito que esteja administrando, ele vai existir.
Agora, tem que ter resposta para resolver o problema. Choveu aqui, entupiu lá, tem que desentupir. Esse é um problema de entupimento da malha de drenagem no município.
Tudorondonia.com.br – Nesse caso, faltou da parte da prefeitura, um programa intenso, sério, de educação para a população parar de jogar lixo na rua?
Roberto Sobrinho – Eu lembro que as reportagens feitas a pedido da prefeitura mostravam sofás velhos, fogão jogado, carro jogado, cachorro morto, sujeira, galhos. Quando chega o inverno isso entope a malha de drenagem.
As obras feitas pela prefeitura tinham drenagem. Era exigência do governo federal, do Ministério das Cidades. E boa parte dos recursos aplicados em pavimentação veio do governo federal, com projetos feitos por engenheiros, profissionais capacitados. Mas esse é um trabalho permanente. Tem que fazer sempre. Eu lembro que comprei um caminhão “tatuzão”, para desobstruir essas manilhas entupidas.
Tudorondonia.com.br –  O senhor falou sobre drenagens de igarapés, eu quero me ater apenas a um caso. Num determinado momento, no final de sua gestão, foram presos vários dos seus secretários, de sua equipe do primeiro escalão e alguns empresários. Eu quero citar o caso do igarapé no bairro Areal, onde tinha uma ponte que as pessoas atravessavam do bairro Areal para o bairro do Triângulo. Parece que foram gastos ali 14 milhões de reais, alegando que iria resolver o problema de alagação, mas continua havendo o mesmo senhor problema, apesar do serviço de alargamento do canal que corre ali. Qual o seu sentimento quando vê que foram empregados 14 milhões de reais e o problema continua o mesmo para as pessoas que moram naquele local?
Roberto Sobrinho – Foi feito um convênio, entre a prefeitura e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) para reduzir os índices de malária em vários pontos da cidade cortados por canais, com a abertura de igarapés, retificando curvas para que a água possa correr com maior fluidez, não gerando focos dos insetos da malária. Desses 14 milhões de reais, foram gastos cinco milhões. Os outros nove milhões estão no caixa da prefeitura. Desses cinco milhões, executados em vários pontos da cidade, a prefeitura rescindiu o contrato com a empresa responsável pela obra ainda no ano passado, depois de abrir um procedimento interno. Portanto, independente dessas operações todas, a prefeitura já havia rescindido o contrato e a Funasa aprovou nossa prestação de contas. O serviço não foi concluído porque a prefeitura não tocou o projeto integralmente.
Tudorondonia.com.br – O Ministério Público está mentindo ao acusar a prefeitura de gastar esse recurso e por que o MP pediu a prisão sua e dos seus secretários?
Roberto Sobrinho – Cabe ao MP esclarecer. O que eu posso dizer é que dos 14 milhões de reais, nove milhões estão no caixa da prefeitura. A obra foi paralisada em dezembro/2011 e o último pagamento foi feito em dezembro de 2011. Quero deixar isso bem registrado. Aí chega o inverno, a obra é suspensa. Quando passa a chuva a prefeitura dá ordem de retomada do serviço e a empresa não faz. A prefeitura notifica. A empresa não faz. Então a prefeitura abre procedimento para o cancelamento do contrato. O que foi feito teve a prestação da contas aprovada pela Funasa e o restante do dinheiro ficou na conta. Esses dados constam no processo.         
Tudorondonia.com.br – Sua administração contou com um grandioso volume de recursos. Não foi possível criar um parque de equipamentos e de maquinário para o município? A atual gestão alega que recebeu a prefeitura sem nenhuma máquina para realizar seus trabalhos.
Roberto Sobrinho – Quando eu assumi, em 2005, eu recebi a prefeitura com as máquinas no “toco”. Quer dizer: literalmente no “toco”. Era um toco aqui, outro aqui, outro aqui e outro aqui e a máquina em cima do toco, sem roda e, às vezes sem motor. Mas eu não sou defensor que a prefeitura tenha todas as máquinas necessárias para seus serviços. A prefeitura tem que ter um mínimo de equipamento e terceirizar o restante.
No período do verão, a prefeitura tem condições para manter muitas máquinas na rua. No inverno, a prefeitura precisa de equipamentos apenas para manutenção. Para a prefeitura comprar todo o equipamento, teria que investir 40 milhões de reais. Significa que teria que imobilizar em equipamento recursos que poderiam ser utilizados em outras áreas. Quando eu entreguei a prefeitura, as condições eram muito superior àquelas em que recebi em 2005. Com muitas novas máquinas adquiridas ainda no ano passado, com recursos próprios e também das hidrelétricas.

Tudorondonia.com.br – O que houve então com essas máquinas? A atual administração alega que não encontrou nenhum equipamento.
Roberto Sobrinho – As máquinas foram entregues, na Semob (Secretaria Municipal de Obras), na SEMUSB (Secretaria Municipal de Serviços Básicos) e na Semagric (secretaria Municipal de Agricultura) , e em Nova Califórnia, Vista Alegre, Extrema, União Bandeirante e Jacy-Paraná. Esses distritos são tão distantes da cidade de Porto Velho e dependem da sede do município para dar resposta a um problema de uma ponte que pode deixar as crianças sem poder ir à escola e o produtor fica sem poder escoar sua produção. No ano passado, foram comprados uma caçamba e uma retro-escavadeira para esses cinco distritos. O equipamento está lá. Gastamos mais três milhões de reais em compra de caçambas, patrol e retro para a Semob. Também utilizamos recursos das compensações para comprar equipamentos que foram entregues.
Tudorondonia.com.br – O senhor diz que deixou muito dinheiro na prefeitura. Mas, o atual prefeito alega que recebeu a prefeitura com o caixa zerado. Com quem está a verdade?
Roberto Sobrinho – Não dá pra colocar a questão dessa maneira. O orçamento do município de Porto Velho é de 1 bilhão e 100 milhões de reais. Quando eu assumi, o orçamento era de 250, 300 milhões de reais. É lógico que as despesas aumentaram. A prefeitura trabalha com poucos recursos. E ficou em caixa recursos para investimentos de 300 milhões de reais.
Um dia desses me questionaram sobre a rodoviária. Havia recursos, em convênio com o Banco do Brasil e a prefeitura de 23 milhões de reais. Desses, 10 milhões eu destinei para construir a rodoviária. E quando eu saí deixei dinheiro em caixa para pagar a construção da rodoviária. Mas, o atual prefeito passou, pelo que ouvi na mídia, essa rodoviária para o governo do estado e a obra foi paralisada.
Tudorondonia.com.br – Mas há uma alegação de que a área da rodoviária não seria do município e houve uma contestação em cima disso.
Roberto Sobrinho – Aquela área é toda do município. A rodoviária está naquele local há trinta anos. Tem um empresário que diz que a área é dele. Mas a justiça entendeu que a prefeitura tem o domínio daquela área. Com decisão judicial. A discussão agora é que se a prefeitura vai pagar e qual o valor. O empresário diz que tem direito a receber e a prefeitura diz que não.
Tudorondonia.com.br – No seu entendimento, seria correto construir uma rodoviária no centro da cidade, com maior fluxo de trânsito, em vez de deslocar para um local mais afastado?
Roberto Sobrinho – Esse questionamento as pessoas me faziam permanentemente. Veja bem, não chegam 100 o número de ônibus que encostam por dia na rodoviária. Estes ônibus não geram impactos no trânsito naquela área. Eu entendo que a rodoviária deve ser boa para quem utiliza o ônibus. Para quem usa o ônibus não tem melhor lugar do que aquele e nós não vemos do ponto de vista técnico motivos para tirar a rodoviária dali.
Tudorondonia.com.br – O que aconteceu com a construção dos viadutos? Quatro anos depois, nós temos três ou quatro esqueletos de viaduto, e a gente vê o exemplo de Ji-Paraná onde, em oito meses, conseguiram começar e terminar um viaduto.
Roberto Sobrinho – Essa é uma obra emblemática. Eu construí dezenas de escolas e unidades de saúde, quilômetros de asfaltos, porto, praças, quadras. Só que, no final do meu mandato, uma campanha organizada dos meus adversários, tentaram resumir minha administração ao viaduto, como se fosse a única obra que fiz nesses oito anos. Veja. Com o crescimento da cidade, em função das hidrelétricas, eu fui a Brasília, argumentei com o ministro Alfredo Nascimento (dos Transportes) sobre o crescimento da frota de veículos em Porto Velho, o maior do país. Ele pediu um projeto. A prefeitura contratou uma empresa por 1,5 milhão de reais que fez o projeto Travessias Urbanas de Porto Velho, que é da Faro até a estrada do Areia Branca, com 10 km de marginais, e os viadutos.
O projeto foi debatido com a sociedade. Em Brasília, junto à companheira Dilma, consegui incluir a obra dos viadutos no PAC. O projeto, no valor de 90 milhões de reais, estava em conformidade com as normas técnicas do Ministério dos Transportes. Mas, o ministro Alfredo Nascimento me disse que devido o PAC contar com muitas obras liberadas, talvez o Ministério dos Transportes não tivesse condições de tocar essa obra.
Ou seja. A cidade de Porto Velho corria o risco de perder o recurso. Por isso fiz um convênio com o governo federal e a responsabilidade da construção dos viadutos passou para a prefeitura de Porto Velho. Eu assumi a responsabilidade. Se foi um acerto ou um erro, cabe à sociedade avaliar. Eu sei que quando saí da prefeitura, 50% da obra estavam prontos. Alguém tinha que começar.
Tudorondonia.com.br – O valor pago também correspondia aos 50%?
Roberto Sobrinho – Sem dúvida nenhuma. Criou-se um folclore, criou-se uma lenda dizendo que houve desvio de recursos do viaduto. Não tem. Só se paga uma medição se houver um ok do DNIT. Isso é muito claro. O DNIT contratou uma empresa, por 6 milhões de reais para exercer o papel fiscalizador dessa obra. Em que níveis de detalhes? A empresa testava o concreto, a bitola das vigas, e chancelava. Isto era feito diariamente. Essa medição era encaminhada pela empresa à prefeitura que encaminhava ao DNIT. Portanto, tudo o que foi pago foi em conformidade com o que foi realizado. Não houve pagamento de 10 milhões de reais para a Camter sobre algo que não tivesse sido realizado.
Tudorondonia.com.br – No caso do viaduto, próximo à Buenos Aires, houve erro no projeto que não previu desapropriações para fazer as cabeceiras do viaduto?
Roberto Sobrinho – Não. O problema não é esse. Um funcionário da prefeitura deu uma autorização para um empresário construir um galpão na rua Três e Meio com a BR 364, depois que a obra já havia começa. Por isso, houve um procedimento administrativo e esse funcionário foi demitido. Aquele terreno seria indenizado, mas não a estrutura montada. Mas, acho que houve uma intervenção de Deus, porque não era algo correto. Um grande vendaval derrubou toda a estrutura. Foi a mão de Deus. Naquele local existe uma ação movida pela empresa Camter contra a prefeitura. Essa empresa colocou uma quantidade de ferro maior do que estava no projeto, com o ok do DNIT. Mas, quando foi fazer o pagamento, o DNIT disse que as vigas deveriam ser fincadas em determinada profundidade  e em certa quantidade e a empresa reclama na Justiça um pagamento de cinco milhões de reais.
Tudorondonia.com.br – Eu vou citar mais duas obras que considero emblemática, de obras inacabadas. A obra da Avenida Vieira Caúla, que até hoje não foi concluída, desde sua primeira gestão, e os conjuntos habitacionais, que hoje são ‘favelões’ invadidos por pessoas bem ou mal intencionadas.
Roberto Sobrinho – Cada obra tem um projeto. Mas durante a execução desse projeto questões não previstas precisam ser redimensionadas. Inclusive, existe o aditivo de até vinte e cinco por cento para resolver esses imprevistos. Porto Velho viveu um grande boon imobiliário. Em função da vinda das usinas do Madeira, tivemos carência de mão de obra, falta de insumos básicos como cimento, brita e ferro, e o aumento do custo da mão de obra. Quando começamos a construir os “predinhos”, com recursos do governo federal, o valor dessas obras, que é determinado por uma tabela do governo federal, subiu muito . A licitação ocorreu em cima dos valores das tabelas. Mas, quando as empresas começaram as obras, ocorreram problemas em função da falta de insumos e do aumento do custo da mão de obra. Vou dar um exemplo da realidade de hoje. O governo federal está construindo em Porto Velho cerca de quatro mil unidades. No entanto, o governo do estado está colocando mais 10 mil reais por unidade para poder conseguir construir as casas. Nós começamos com o valor estabelecido pela Caixa Econômica, as empresas começaram mas não tiveram condições de tocar as obras pelo valor fixado. Esse problema é no setor público e no setor privado. São fatores que inviabilizaram as obras, devido às normas estabelecidas pelo Ministério das Cidades.
Tudorondonia.com.br – Mas, no caso específico da avenida Vieira Caúla, do início de sua gestão, não foi possível equacionar esse problema, mesmo durante sua segunda gestão?
Roberto Sobrinho – O problema da Vieira Caúla. Quando iniciamos a obra o Tribunal de Contas mandou parar a obra. Foi feita nova licitação. A empresa vencedora largou a obra no meio do caminho. Contratamos outra empresa. Esta fez o alargamento da via e, no ano passado, deixou a obra. Ali é um binário formado pela avenida Vieira Caúla e avenida Mamoré, que está praticamente pronta, mas não conseguimos avançar na Vieira Caúla.
Tudorondonia.com.br – É uma prática do PT subestimar os preços das obras e, por isso, dão problema?
Roberto Sobrinho – Os preços não são definidos a critério do gestor de plantão. No governo federal tem uma tabela cujos valores são estabelecidos e aceitos. O valor da obra não pode ser maior do que esses valores. Podem até ser menor. Mas, os preços são de uma maneira que deixa uma margem para oscilar pra maior ou pra menor. Mas existe uma planilha do governo federal e a Caixa Econômica é quem aprova se os valores licitados estão de conformidade com esta planilha.
Tudorondonia.com.br – Quando o ex-prefeito Carlinhos Camurça concluiu seu mandato, a coqueluche era a construção do complexo Beira Rio. Ele alegou que deixou dinheiro em caixa para essa obra. Em sua gestão, a prefeitura retirou moradores da área afetada e apresentou um projeto chamado Parque das Águas. Por que esses projetos não saíram do papel?
Roberto Sobrinho – Boa pergunta. Primeiro, o ex-prefeito Carlinhos Camurça não deixou projeto para fazer o Beira Rio.
Tudorondonia.com.br – Nem o dinheiro?
Roberto Sobrinho – Nem o dinheiro. É só verificar nas contas da prefeitura. Não é uma questão de conversar. É ver na conta. Ele tinha uma visão para melhorar a orla, mas não tinha um projeto para a obra. Ele fez um projeto básico e conseguiu empenhar em Brasília o valor de seis milhões de reais, através de uma emenda e fez o Mercado do Peixe e outras obras. Quando eu assumi a obra estava paralisada pela Justiça por ação do Ministério Público Federal. Quando assumi, procurei o MPF, fiz nova licitação e terminei o mercado. No Parque das Águas, com recursos do governo federal, viabilizei o valor de 25 milhões de reais, só pra área do Cai N`Água. O projeto é de uma arquiteta muito famosa, e foi aprovado pela Caixa Econômica Federal, no final do ano passado, mas não pude concluir a licitação. Estávamos negociando com o Ministério das Cidades para remanejar 30 famílias tradicionais para outra área para, então, dar início as obras. Agora só depende do prefeito Mauro Nazif concluir a licitação.
Tudorondonia.com.br – Está havendo inoperância da atual gestão?
Roberto Sobrinho – Não vou emitir um juízo de opinião sobre o atual gestor. O que posso dizer é que depois de quase três anos o projeto foi aprovado, é um projeto complexo, o recurso de 25 milhões está na Caixa Econômica, só cabe agora a prefeitura tocar o projeto.
Tudorondonia.com.br – Vamos falar das compensações financeiras das usinas do Madeira. Não sei exatamente o valor, mas parece que foi algo em torno de 200 milhões de reais e, na verdade, o que a gente sente é que esse recurso não beneficiou a população no seu dia a dia. Uma das coisas que chama a atenção é que o senhor, como prefeito, nunca quis construir um hospital, um pronto socorro para Porto Velho. Não era possível, com esse dinheiro das usinas, construir um hospital de pronto atendimento para melhor atender à população que vive jogada nos corredores do João Paulo II?  
Roberto Sobrinho – Nessa questão das compensações, o montante destinado à prefeitura de Porto Velho é da ordem de 150 milhões de reais e 130 milhões para o governo do Estado. Diretamente dos consórcios construtores. Quem estabeleceu esses valores foi o Ibama (Instituto Brasileiro de meio ambiente e de Recursos Naturais Renováveis). As prioridades e aplicações foram determinadas em audiências púbicas e confirmadas pelo Ibama. Além dos valores destinados à prefeitura e ao governo do Estado – que na minha avaliação foram valores muito pouco, pelo impacto populacional que receberíamos, os cálculos sobre o crescimento populacional, durante as obras, feitos pelo Ibama, foi de 50 mil habitantes. A prefeitura e o Ministério Público mandaram fazer novos estudos e revelaram que o crescimento populacional com as obras das usinas seria de 150 mil habitantes. Mas, os cálculos para as compensações foram feito em cima dos estudos do Ibama. A realidade mostrou que nós estávamos certos naquela época. Para compensar essa diferença, fui ao presidente Lula e relatei que a cidade de Porto Velho tinha saneamento básico, água potável e infra-estrutura e muitos problemas habitacionais. O presidente Lula destinou para Porto Velho mais de 1 bilhão de reais, só para água e esgoto foram mais de 900 milhões de reais. Isso eu entendo como compensação, não dos consórcios, mas do governo federal. Esses conjuntos habitacionais e a malha viária de 400 km, são recursos do governo federal. Eu cheguei a tocar 100 obras em Porto Velho. Causam transtornos, mas, quando ficam prontas, trazem grandes benefícios. Na saúde, o município é responsável pela saúde básica. Para diminuir o impacto no pronto socorro, eu ampliei a rede básica e coloquei as UPAS para funcionar, que foi uma decisão pessoal do presidente Lula. Com isso, eu diminuí a pressão na unidade de saúde do Estado. Nós aplicávamos 18 por cento da arrecadação na saúde.
Tudorondonia.com.br – Quando eu liguei hoje, antes das sete horas da manhã para marcarmos a entrevista, o senhor disse que estava levando seu filho à escola. Quando o senhor vai levar seu filho à escola e pega um trânsito pesado, congestionado, não imagina que poderia ter sido utilizado algum recurso das usinas para melhorar a fluidez do trânsito na nossa capital? Não justificaria mais investimentos no setor?
Roberto Sobrinho – A frota de veículos da cidade de Porto Velho mais do que dobrou nesses últimos oito anos, e as vias ficaram praticamente as mesmas. A grande intervenção de trânsito feita por nós foram os viadutos, porque um grande gargalo era o trevo do Roque e a Zona Sul. Esta foi a maior prejudicada no processo de crescimento da frota de veículos da cidade de Porto Velho.
Antes da nossa gestão, quando não havia a duplicação da BR 364 a população saía da Zona Sul por qualquer lugar. A duplicação da BR criou um gargalo para 35% da população de Porto Velho que mora naquela região.
Tudorondonia.com.br – Foi um erro de projeto na duplicação da BR 364?
Roberto Sobrinho – É muito fácil ser engenheiro de obra pronta. É muito fácil. Eu vejo pessoa dando opinião sobre obras da prefeitura que não sabe trocar uma tomada de sua casa, mas se acha na condição de grande paladino, para  dizer que a obra foi mal feita. Ora, todas as obras tinham engenheiro, certidão do Crea e atendiam todas as normas. Se tem problemas nas obras, cabe a quem está gerenciando o município hoje resolver o problema. Falar que uma obra não é boa depois de pronta é muito fácil. Difícil é ter a coragem de começar. Então, veja. Após a duplicação da BR 364 e o isolamento da Zona Sul, eu viabilizei os recursos para os viadutos para tirar esse sofrimento da população daquela região. E mais do que isso: fizemos a ligação do bairro Nacional a Avenida dos Migrantes pela Avenida Farqhuar, pois a população sofria muito para sair de lá. Veja o ganho no trânsito com o prolongamento das Avenidas Pinheiro Machado e Sete de Setembro. Medidas foram tomadas.
Em vários bairros só tinha uma via asfaltada, que permitia o fluxo de veículos e nós construímos outras alternativas. O problema de trânsito não depende só do gestor. Nós triplicamos a quantidade de semáforos, de sinalizações, de recapeamentos. Se hoje a cidade não tem muitos problemas com buracos é por que foi tudo recapeado. Mas o problema do trânsito é de decisão individual. Quem tem moto, carro e sai e volta na hora que quer, por que vai pegar um ônibus? Esse é um problema do país inteiro, não apenas de Porto Velho.
Tudorondonia.com.br – Um dos compromissos da Santo Antonio Energia, no caso das compensações, era recuperar os sete quilômetros de estrada de ferro Madeira-Mamoré, da praça até a cachoeira de Santo Antonio e construir um complexo turístico onde existia a cachoeira. Até hoje a população anseia pela volta daquele passeio turístico. Por que a Santo Antonio Energia não cumpriu com esse compromisso com o município de Porto Velho?
Roberto Sobrinho – Quando eu assumi, elaborei um projeto de revitalização da Madeira-Mamoré. E não era de responsabilidade do município. A estrada de ferro é patrimônio histórico, fomos a Brasília e, com recursos do Ministério do Turismo e das compensações. Recuperamos dois galpões e refizemos a urbanização da praça. Mas, uma outra parte ficou sob a responsabilidade do consórcio construtor e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional), que é o galpão onde fica a rotunda. Então, esse projeto de recuperação do “trenzinho” está incluso. Eu acredito que a Santo Antonio Energia não desistiu de fazer. Eu sei que é de responsabilidade deles e devem concluir. Enfrentamos problemas com as casas próximas à ferrovia e a legislação estabelece um limite mínimo e isso deve ser superado. No projeto Parque das Águas remanejamos aquela população para um local melhor, para que também pudesse funcionar o trem.
Tudorondonia.com.br – Um dos motivos da sua prisão, no final do seu mandato, foram as denúncias de muitas irregularidades na Emdur (Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano). Quem está de fora, imagina que lá teve uma quadrilha de criminosos usurpando o dinheiro público. O que houve na Emdur?
Roberto Sobrinho – Olha, eu não sei se você se lembra, mas foi o www.tudorondonia.com.br  que, no ano passado, publicou essas denúncias. Então eu demiti toda a diretoria e fiz uma intervenção na Emdur para abrir uma tomada de contas que mostrou que havia irregularidades, não apenas administrativa, era muito mais do que isso. Então, eu abri uma tomada de contas especial para identificar pessoas envolvidas. E fui ao Ministério Público, em agosto/2012. Informei ao MP os procedimentos adotados e pedi ajuda para apurar os fatos. Aí, eu fui preso acusado de comandar o núcleo financeiro da Emdur. Eu nunca mandei dinheiro para a Emdur para que fosse aplicado em algo ilícito. Os recursos eram para fazer serviços para a população e não para serem desviados. Eu me sinto altamente injustiçado. Porque eu fui ao MP pedir para que fossem apurados os fatos assim que identifiquei o problema e tomei as providências. Por que eu iria no MP entregar toneladas de documentos da Emdur se eu tivesse alguma coisa a ver com o que estava acontecendo? Por que eu faria isso, se todas as ações que o MP está tocando começaram na data em que eu entreguei os documentos? Os documentos saíram da Emdur para o MP por um pedido meu. Como eu entregaria documentos para me incriminar? Não tem lógica.

Tudorondonia.com.br – O senhor acha que o MP agiu politicamente ao pedir sua prisão?
Roberto Sobrinho – Eu acho que esse é um questionamento que a sociedade de Porto Velho tem que avaliar. O MP entendeu por agir assim. E eu tenho o direito de me achar injustiçado. Estou apresentando minha defesa. Mas eu não acho justo que uma pessoa que trabalhou oito anos por essa cidade, que  dedicou parte de sua vida de manhã, de tarde e de noite procurando fazer o bem tenha o tratamento que recebei do MP, notadamente neste caso. Eu nunca dei comando para ninguém fazer malfeitos. Eu administrava treze mil servidores. Toda vez que uma denúncia era feita eu mandei apurar. Nunca deixei de apurar.
Tudorondonia.com.br – O senhor disse, num determinado momento, quando foi revelado que o senhor tinha uma empresa que prestava serviço para a Santo Antonio Energia que isso é um fato normal. O senhor ainda acha que e normal um prefeito ter uma empresa que presta serviço para um consórcio que tem ligações com o serviço público?
Roberto Sobrinho – Veja bem. Esse questionamento sempre vem à tona. Primeiro: o procedimento tradicional dos políticos é colocar negócios em nome de “laranjas”. Eu não me submeti a isso. Eu abri uma empresa em meu nome e no nome do meu filho. Essa empresa foi ao banco, conseguiu financiamento e adquiriu alguns caminhões. Esta empresa, que não me tem como diretor - o diretor é o meu filho -, prestou serviço para um consórcio que não tem nada a ver com as compensações. É uma empresa privada, prestando serviço para outra empresa privada. Se do ponto de vista ético está certo ou errado, eu quero dizer que optei em agir com transparência, não coloquei em nome de ninguém. O dinheiro que permitiu que essa empresa existisse é fruto de financiamento e o trabalho prestado por ela é de uma empresa privada para outra empresa privada. Agora, a tentativa de associação que querem fazer porque a empresa tinha contrato com o consórcio porque eu era o prefeito e isso poderia beneficiar com consórcio no cumprimento das compensações não procedem. Olha, as compensações foram estabelecidas em 2006/2007 e essa empresa foi aberta em 2010, portanto, muito à frente disso. E em todas as compensações quem da o aval final é o Ibama. A prefeitura pode dar o ok, mas a palavra final quem dá é o Ibama. E tem os órgãos de controle em cima das compensações. E outra coisa: para demonstrar que uma coisa não tem nada a ver com a outra é que, ainda no final de 2011, quando os consórcios foram liberar recursos, na ordem de 50 milhões de reais para cada um deles no BNDES, não estavam aportando nada para o município e para o estado de Rondônia. E isso exigiu um medida muito firme da minha parte em Brasília, no sentido de que o município fosse ouvido e parte desses recursos fosse destinado à prefeitura e ao governo do Estado. No final, viabilizamos mais 16 milhões de reais para o município, que foram investidos no Espaço Mulher, ao lado da maternidade, o Centro de Atenção Psicossocial, a reforma da Escola Antonio Ferreira, a reforma do SAMU, o recapeamento de ruas no ano passado e a instalação de semáforos. Eu não beneficiei o consórcio. E estou pagando um preço muito alto por isso, por seguir a minha consciência: não fazer nada em nome de “laranjas”. O meu patrimônio é declarado. Eu moro na mesma casa de antes de ser prefeito. Eu tive a minha vida devassada com quebra de sigilo fiscal, sigilo telefônico, quebra de sigilo bancário, toda minha família foi devassada procurando se havia patrimônio em nome dos meus familiares. Não tem.
Tudorondonia.com.br –  O senhor considera-se um homem rico hoje, em relação a quando o senhor entrou na prefeitura?
Roberto Sobrinho – Não. Quando eu assumi a prefeitura eu possuía dois carros, uma casa e um terreno. O que tenho hoje são dois carros, duas casas, que eu já tinha, e esse terreno onde eu construí. Comprei um apartamento na frente do Aquárius, que está naquela situação, e a minha mãe que tinha um apartamento e, depois do seu falecimento, ficou para mim, e abri a empresa.
Falam que eu tenho fazenda em Humaitá, outra na estrada para Guajará-Mirim, que tenho casa na Espanha, que tenho faculdade, que tenho Ferrari, que tenho hotel, disseram até que eu sou dono de um outro hotel. Não é verdade. O que eu tenho é o meu patrimônio declarado. Se tivessem descoberto que eu tenho outra coisa além do declarado, não tenha a menor dúvida que isso já teria sido manchete em todos os jornais. Agora, eu pago um preço muito alto. Cria-se a fama de que o político roubou e ficou milionário. A gente fica com essa pecha, sem realmente ser. Eu não sou isso aí. As minhas posses sempre foram essas aqui.
Tudorondonia.com.br – Do que o senhor se sustenta e sustenta sua família, depois de ter saído da prefeitura?
Roberto Sobrinho – Sou funcionário da Assembleia Legislativa, minha mulher é professora e formou-se recentemente em odontologia. Tenho uma casa alugada e tenho minha empresa que me ajuda. A minha renda e a da minha esposa me permitem isso.
Tudorondonia.com.br – O senhor guarda mágoa de alguém do Judiciário, do MP ou da sua equipe?
Roberto Sobrinho – Eu não tenho direito de guardar mágoa de alguém. Eu sempre atuei na boa fé. Sempre que nomeei alguém, eu fiz em boa fé. Nunca dei um comando para malversar recurso público. Mas essas acusações me deixam muito ruim, muito triste. A minha consciência tem a clareza que isso é uma grande injustiça que está sendo feita a mim. Eu acho que Deus sabe o que tem de ser feito e eu estou procurando me recuperar para continuar minha vida. E eu quero superar esse turbilhão que me aconteceu após o dia 6 ou 9 de dezembro do ano passado.
Tudorondonia.com.br – Vez por outra seu nome aparece na mídia como sendo um traidor do seu partido, que não apoiou candidatos do seu partido, notadamente a senadora Fátima Cleide em suas empreitadas eleitorais. O senhor é adversário dela e realmente traiu esses candidatos?
Roberto Sobrinho – Boa parte do que está acontecendo comigo é fruto do PT. Boa parte das denúncias feitas contra mim é fruto de fogo amigo. Eu lamento muito isso. Mas não se pode querer crucificar alguém porque não teve sucesso em determinado processo eleitoral. A senadora Fátima Cleide foi eleita senadora como uma grande esperança para nosso Estado. Foi candidata ao governo, mas a população não quis que ele fosse governadora. Depois ela foi candidata a reeleição, mas a população entendeu que ela não deveria mais ser senadora. Depois ela foi candidata a prefeita de Porto Velho e a população entendeu que ela não deveria ser prefeita. É muito injusto colocar na minha conta essas derrotas. O sucesso ou a derrota, em mais de oitenta por cento, se dão muito mais pelo desempenho do político. Outros fatores colocados no jogo, são meras questões para diminuir os impactos da derrota. Eu não tenho nenhuma mágoa da senadora Fátima Cleide. Jamais desejei que ela não obtivesse êxito e, dentro das minhas condições, eu procurei ajudá-la.
Tudorondonia.com.br – O senhor não tem ainda nenhuma condenação transitada em julgado em segunda instância, logo, está livre do alcance da lei da ficha limpa. Qual é o seu plano político para o ano de 2014, que é ano eleitoral?
Roberto Sobrinho – A minha vida está muito focada nessa questão judicial. Eu tenho trabalhado muito para construir minha defesa no âmbito do Poder Judiciário frente a essas acusações todas. Mas o que eu questiono é que, quando há uma operação, aquilo que é divulgado já parece que é uma condenação. Eu ainda não fui condenado. Tem muita água pra rolar. Eu tenho meus direitos. E a Justiça é isso. Quem acusa não está, necessariamente com a verdade. Eu tenho direito de defesa. Eu gostaria de permanecer na vida pública. Gostaria mesmo. Isso depende muito mais do meu partido do que de mim. Vamos aguardar. Mas eu gostaria de continuar trabalhando em defesa da minha cidade e do meu estado.
Tudorondonia.com.br – O senhor. já tem alguma candidatura em vista?
Roberto Sobrinho – Existem algumas discussões. Mas o meu foco está nessa questão judicial. E cabe ao PT. Há muita especulação de futurólogos e analistas, mas eu não posso dizer que tenho uma decisão firmada sobre a minha vida política.
Tudorondonia.com.br – O senhor tem respaldo no seu partido para lhe garantir uma candidatura, apesar do fogo amigo que o senhor citou?
Roberto Sobrinho – O que posso dizer é que essa questão só vai ser apreciada no ano que vem. O PT está passando por uma renovação em sua direção e eu tenho muitos companheiros no partido que não me abandonaram.
Tudorondonia.com.br – O Roberto Sobrinho de hoje, oito anos depois de ser prefeito e quase um ano depois de ter saído, é melhor ou pior do que aquele professor Roberto Sobrinho sindicalista, guerreiro?
Roberto Sobrinho – A vida nos ensina muito. Quando se exerce uma função executiva, a gente se depara com outra realidade. A gente deixa de ser estilingue e passa a ser vidraça. Ao longo de oito anos eu amadureci muito. Quando a gente vira executivo, vê que aquilo que se reivindicava poderia até ser resolvido, mas não com a velocidade que se queria. Eu avalio que amadureci muito e adquiri uma experiência que poucas pessoas passaram por onde eu passei. Sempre procurei fazer o bem para a população. Nunca fui para me locupletar dos recursos públicos e nunca compactuei com esse tipo de situação. Se fatos aconteceram na gestão, e essa gestão é uma máquina pública com treze mil funcionários, que tem seres humanos com seus desejos, suas necessidades, sua capacidade moral, com sua formação, são situações que não podem ser computadas todas nas minhas costas. Eu tenho responsabilidades, sim, e sempre me pautei no exercício de minhas atividades como prefeito pela ética, pela moral e pelos princípios que adquiri em família e pelos princípios estabelecidos pelo meu partido.
Tudorondonia.com.br – Levando em consideração os salários do prefeito e dos vereadores de Porto Velho, o senhor acha justo os salários dos professores e dos médicos?
Roberto Sobrinho – Essa discussão não é nova. Faz tempo que discutimos sobre o assunto, para uma remuneração melhor para os profissionais da educação, não só esses, mas para os trabalhadores de uma maneira geral. Nos últimos oito anos o crescimento do salário mínimo triplicou. Falava-se em 100 dólares, hoje são 300 dólares. Na área da educação, especifica da prefeitura de Porto Velho, o salário dos professores, de dezembro/2004 a dezembro/2012, houve um crescimento muito superior ao crescimento da inflação. Mas ainda é pouco. Hoje, há uma política muito forte do governo federal para carrear recursos para a educação, com o Pré-Sal. Acredito que será possível evoluir ainda mais a remuneração desses profissionais.
Tudorondonia.com.br – O salário de dois mil reais para um médico, não é muito pouco?
Roberto Sobrinho – Eu acho que é. Não sei quem paga isso. Quando eu saí da prefeitura pagávamos 14 mil reais a médicos que fossem para os distritos e 10 mil para os da cidade.
Tudorondonia.com.br – O senhor tem algo mais a acrescentar?
Roberto Sobrinho – Quero agradecer ao espaço. É bom conversar sobre essas coisas. A opinião pública – e vocês têm um papel muito importante em informá-la - muitas vezes não sabe dessas coisas. Acho que as pessoas poderão fazer uma avaliação sobre o que realmente aconteceu, sobre nossa gestão, ou se eu devo dar ou não sequência à minha vida política. Eu agradeço.
*Carlos Araújo é jornalista e escritor

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